festas de fim de ano e depressão
Porque as festas de fim de ano podem ser difíceis para pessoas com depressão?
Algumas pessoas que passaram por traumas (recentes ou antigos) podem achar está época do ano muito estressante.
O que você sente quando pensa nas festas de fim de ano? Talvez você se sinta bem ao pensar nas calorosas reuniões familiares ou talvez você se sinta revigorado ao pensar no fechamento do ciclo de um ano. Mas, para muitas pessoas essa época muito difícil.
Nem sempre o sentimento de nostalgia é tão bom assim. Quer entender porque isso acontece e dicas para lidar com esses sentimentos? Então, confere o texto a seguir!
O que é a nostalgia?
Nostalgia é um sentimento que envolve felicidade e tristeza. Por exemplo, se você tem boas memórias de almoços em família, é possível que quando você se recorde disso você sinta alegria ao lembrar dessas memórias, mas sinta também um pouco de tristeza por ser um tempo que não existe mais. É essa mistura de alegria e tristeza que caracteriza a nostalgia.
O final do ano é uma época nostálgica para muitas pessoas porque remete a ótimos momentos de confraternização entre amigos e familiares. Talvez você se lembre daquele familiar que não está mais vivo, talvez você tenha uma memoria afetiva daquela comida de natal da sua mãe. Enfim, a nostalgia é um sentimento presente em muitas pessoas nessa época.
Quando a nostalgia dói
Mas, a nostalgia pode ser também uma memória extremamente dolorosa. É normal que pessoas com depressão ou sobreviventes de abusos na infância ou traumas familiares considerem os feriados dolorosos, mesmo que admitam desfrutar de alguns dos costumes e tradições durante esta época do ano.
A temporada de férias de fim de ano pode ser muito estressante devido às memórias dolorosas de sua infância. Muitas emoções estão ligadas a encontros e tradições, e esses fatores estressantes podem ser reacendidos durante esse período. Daí a relação entre festas de fim de ano e depressão.
A maioria dos quadros de depressão se inicia com uma perda. Pode ser o luto pela morte de um familiar, a perda de um emprego, a mudança de cidade por causa do trabalho, um acidente, etc. E o que as perdas carregam em comum? A mudança na rotina das pessoas.
É impossível que uma grande perda não cause uma grande mudança na vida das pessoas. Quando uma pessoa com depressão se depara com um período tão significativo do ano e lembra como era antigamente, é extremamente doloroso. Não deve ser surpresa que a temporada de fim de ano possa trazer muitas lembranças dolorosas de um passado que não existe mais.
Já para pessoas que passaram por grandes traumas ou abusos na infância, as festas de fim de ano podem causar uma sensação ainda mais angustiante. Visto que o trauma foi tão profundo que ele pode surgir muito intensamente, a depender de como esse trauma foi tratado.
"Mas isso foi há 20 anos"
Muito pessoas podem pensar: "Já fazem 25 anos, eu já deveria ter superado não?"
Não necessariamente. Nossas experiências de infância moldam a forma como vemos e vivenciamos o mundo ao nosso redor e, se essas experiências foram traumáticas, podemos associá-las a outras experiências relevantes ou semelhantes por muitos anos após o término do trauma.
Isso significa que, se as festas de fim de ano foram assustadoras, frustrantes ou tristes durante sua juventude, faz sentido que ouvir música natalina ou ver alguém fantasiado de papai Noel no supermercado possa trazer à tona alguns desses sentimentos.
O trauma é armazenado dentro de nosso cérebro. Embora algumas pessoas tenham encontrado maneiras de lidar com isso e superado o trauma, para outras pessoas isso pode continuar muito presente.
E quando bate a culpa?
Querendo ou não todo o clima das pessoas mudam com as festas de final de ano: a decoração muda, as pessoas fazem filas para comprarem os presentes de natal, as confraternizações são marcadas junto com as festas em família além, claro, de todo clima de "harmonia" e "felicidade" entre as pessoas que aparecem em todos os comerciais. É impossível fugir do clima imposto pelo bom velhinho.
Com isso a culpa se instala porque "Eu deveria estar feliz durante esse tempo. Todos os filmes e músicas do feriado me dizem que eu deveria! Todos a minha volta estão felizes". Todo o clima de felicidade a qualquer custo das festas de fim de ano pioram toda a situação e fazem essas pessoas se sentirem ainda piores.
Três dicas para sobreviver na temporada de férias se você achar estressante ou triste
- Abrace as suas emoções: Fugir das emoções nunca é uma boa ideia. Talvez você até já tenha percebido isso: Quanto mais você foge daquela lembrança dolorosa da infância, mais ela vai te perseguir. Não se culpe por não estar se divertindo como as outras pessoas, pois você tem a sua história que é completamente diferente da história das outras pessoas. O mais importante aqui é você não fugir de você mesmo e da sua história. Quanto menos você lutar contra isso, mais facilmente você conseguirá passar pelas festas sem sofrer tanto.
- Não se force: Por mais que acolher as emoções seja essencial em situações que não podemos controlar, você não precisa se forçar a participar de eventos em que você não se sente bem. Desligue a música de natal se ela despertar lembranças dolorosas ou incomodar você. Não há problema em não ouvir - isso não o torna negativo ou chato.
- Faça aquilo que você considera importante: Concentre-se no que você faz olhar para frente. Se você deseja mais do que tudo deixar a cidade por uma semana durante o Natal, faça. Se você gostaria de ser voluntário em algum programa social e pular a grande reunião da família, faça. Nada é mais importante do que viver no presente se conectando com o que é importante para você.
No final das contas, faça o que te deixa feliz. Não há vergonha em aproveitar as festas de fim de ano, e muitos sobreviventes de traumas ainda amam essa época do ano. Mas se você se sentir mais ansioso ou deprimido durante esta época do ano, saiba que você não está sozinho e que isso faz sentido. Reserve um tempo extra para fazer o que você precisa agora.
Davi Italo
Davi é graduado em psicologia pela UNICAP com ênfase em psicologia clínica na abordagem cognitivo-comportamental e Terapeuta Comportamental Contextual formado pela Eurekka.